Rua Sorocaba 800, CEP 22271-100, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil.

sábado, 29 de março de 2008

Depoimento de clientes


Casa e Sociedade se
juntam. É como se a Casa
das Palmeiras fosse uma
casa da vida, ensina a
pessoa a criar e a se
expandir melhor.

Quantos doentes mentais
estão soltos por aí e
pensam que estão bons.
São os piores! Nós aqui
estamos sabendo que
precisamos de recursos e
os piores são aqueles que
pensam que estão bons e
estão por aí prejudicando
a ordem e a evolução
natural das coisas.

A Casa das Palmeiras nos
dá a oportunidade de
mais liberdade, menos medo,
e logo naturalmente
mais saúde mental, mais
higiene mental.

A Casa das Palmeiras é
uma obra de fé.(...)
quando se está numa
situação meio difícil
que a gente não une uma
coisa com a outra, então
a pessoa acredita em nós
assim mesmo. E na nossa
situação, isto é muito
importante.

(Arquivo - painel na entrada da Casa das Palmeiras –5/5/1989)

quinta-feira, 27 de março de 2008

Sábado Cultural

- CASA DAS PALMEIRAS -
****
TEATRO DO OPRIMIDO
http://www.ctorio.org.br/

O Centro de Teatro do Oprimido - CTO - Rio é um centro de pesquisa e difusão da metodologia do Teatro do Oprimido e tem a direção artística de Augusto Boal. A filosofia e as ações do CTO -Rio visam à democratização dos meios de produção cultural, como forma de expansão intelectual de seus participantes. Além da propagação do Teatro do Oprimido como meio, da ativação e do democrático fortalecimento da cidadania.

05/04/2008

Palestra com GEO BRITTO
(Ator e Curinga do T.O.)
Colaborador da Casa das Palmeiras em 1993/96
Exibição de DVD sobre o Teatro do Oprimido em Moçambique

Horário: Início às 16h00

Local: Casa das Palmeiras

Rua Sorocaba, 800 - Botafogo
Inf: Tel - 2266-6465 / 96662437

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sexta-feira, 21 de março de 2008

Desenho

Jair Gois - guache e lápis cera - 33cm x 49cm
Exposição Museu da República
40 anos de Estética na Casa das Palmeiras / 1997

sábado, 15 de março de 2008

VIII Que é a Casa das Palmeiras

(Final do texto de Nise da Silveira - Módulo VIII - Casa das Palmeiras - A Emoção de Lidar, Uma Experiência em Psiquiatria. Coordenado por ela. Ed. Alhambra, 1986).
30 anos de experiência - dança, representações mímicas, pintura, modelagem, música e outras atividades expressiavas.
O exercício de atividades poderá enriquecer-se de importante significação psicológica. Compreeder-se-á, por exemplo, o valor terapêutico que virá adquirir a proposta ao doente mais regredido de atividades vivenciadas e utilizadas pelo homem primitivo para exprimir suas violentas emoções.
Em vez dos impulsos arcaicos exteriorizarem-se desabridamente, lhe forneceremos o declive que a espécie humana sulcou durante milênios para exprimi-los: dança, representações mímicas, pintura, modelagem, música. Será o mais simples e o mais eficaz.

Apesar de muitas dificuldades nas nossas finanças e de uma agressão traiçoeira de gente da própria Casa, demos a volta por cima e, em compensação, recebemos espontâneos e generosos apoios de amigos.
A Casa das palmeiras cumpriu seu principal objetivo: evitar bastante o número de reinternações de seus clientes.
No Centro Psiquiátrico Pedro II, como vimos de início, a taxa de reinternações permaneceu quase a mesma durante os últimos 30 anos, isto é, das 28 admissões diárias, 16 são reinternações.
Acreditamos que a experiência da Casa das Palmeiras comprova a necessidade de instituições, em regime de externato, que sirvam de ponte entre os hospitais psiquiátricos e o meio social. Entretanto essa experiência piloto não despertou nenhum interesse no meio psiquiátrico.
Mas a Casa das Palmeiras prossegue sua caminhada. Completa agora em 1986, 30 anos de existência.
Nise
[Importante frisar que este texto de Nise da Silveira foi escrito em 1986 (aqui transcrito na íntegra) - grandes avanços foram feitos nas instituições da área da saúde. A Casa das Plameiras é exemplo piloto para o Brasil e exterior - permanece um pequeno território em regime aberto, livre e independente].
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segunda-feira, 10 de março de 2008

Pintura

Laercio, 1985 - óleo sobre tela - 39cm x 47cm.

sábado, 8 de março de 2008

VII Que é a Casa das Palmeiras

(continuação do texto de Nise da Silveira - Módulo VII - Casa das Palmeiras - Emoção de Lidar - 1986)
Psicologia C. G. Jung

Outra maneira de ver a terapêutica ocupacional que poderá conduzir a aprofundamentos teóricos terá como ponto de partida a psicologia junguiana.
Jung
, ele próprio, nunca explana diretamente qualquer teoria sobre este método terapêutico. Mas sua psicologia está impregnada de atividade e foi a partir de suas idéias que, principalmente, nos inspiramos.
Jung estuda a correlação entre imagens arquetípicas e instintos, pois, diz ele, não há instintos amorfos, cada instinto desenvolvendo sua ação de acordo com a imagem típica que lhe corresponde. Por que então deixar de utilizar a observação dos impulsos arcaicos que, não raro, irrompe nas psicoses e assim apreender às imagens as quais se acham interpenetrados, imagens essas que constituem a chave da situação psicótica de cada doente?
Escutando o doente, estudando suas pinturas e outras produções, o observador verificará que a matéria prima de seus delírios é constituída de idéias e imaginações arquetípicas, soltas ou agrupadas em fragmentos de temas míticos. Se o observador sofre da deformação profissional característica do médico, inclinar-se-á a ver nas criações da imaginação coisas inconsistentes ou patológicas e rotulará apressadamente essas idéias, imaginações e ações como material produzido pela doença. Mas, se tomar posição fora de dogmas preestabelecidos, irá defrontar processos psíquicos surpreendentes. Irá vislumbrar a estrutura mesma da psique, nos seus fundamentos e no seu dinamismo.
Foi o que fez Jung nos seus estudos psiquiátricos. A terapêutica ocupacional muito lucrará em aplicar esses estudos em profundeza e estendê-los no seu campo de trabalho.
Ainda outros dados. A psicoterapia junguiana tem por meta não só a dissolução de conflitos intrapsíquicos e de problemas interpessoais, mas favorece também o desenvolvimento de “sementes criativas” inerentes ao indivíduo e que o ajudam a crescer. Acontece que é justamente em atividades feitas com as mãos que, muitas vezes, se revela a vitalidade dessas “sementes criativas”, segundo presenciamos na Casa das Palmeiras.
Nos neuróticos esse fenômeno se apresenta freqüentemente. Jung escreve: “Se houver alto grau de crispação do consciente, muitas vezes só as mãos são capazes de fantasia”. Quando o ego não se acha muito atingido, a teoria das quatro funções de orientação da consciência no mundo exterior: pensamento, sentimento, sensação, intuição, se bem utilizadas em atividades que as mobilizem de acordo com suas deficiências, poderá ajudar bastante o individuo a obter melhor equilíbrio psíquico.
Parece-me que a psicoterapia conceda ainda muito pouco valor à ação orientada com objetivo terapêutico. Despreza um belo campo de pesquisa.
Aplicando à terapêutica ocupacional as descobertas de Jung abrem-se novas perspectivas para este método, tanto para neuróticos como para psicóticos.
(continuação do texto de Nise na próxima edição)

sábado, 1 de março de 2008

VI Que é a Casa das Palmeiras

(continuação do texto de Nise da Silveira - Módulo VI - Casa das Palmeiras - Emoção de Lidar- 1986)
Elementos da Natureza
Além do que foi dito, há ainda muitas coisas a estudar no exercício das atividades concernentes ao mesmo tempo à psicologia profunda e ao tratamento dos distúrbios emocionais.
Um dos temas teóricos preferidos por nós é o da natureza dos materiais usados nas atividades e as variações de adaptação e de preferência dos clientes pela manipulação desses materiais.
É curioso que haja sido um filósofo, Gaston Bachelard, quem abriu caminho para a pesquisa da importância psicológica dos materiais de trabalho. Ele investigou a atração preferente da imaginação criadora, em escritores e poetas, pelos elementos da natureza aos quais aqueles se achavam originariamente filiados: ou seja, que a imaginação procura uma substância de preferência para revesti-se: fogo, água, ar ou terra. Assim, revelam “segredos íntimos” (La terre et les révéries de la volonté). Bachelard, baseado nessas idéias, criou um novo tipo de crítica literária de grande repercussão, sobretudo na França. Mas transbordou da área da filosofia e da literatura para demonstrar a significação dos elementos da natureza na vida, no trabalho do homem normal e mesmo seu valor curativo para os distúrbios emocionais. “A saúde de nosso espírito está em nossas mãos”, escreve Bachelard (La terre et les révéries du repos): isto é, na manipulação dos elementos da natureza que convêm à nossa condição psicológica.
O psiquiatra Paul Sivadon teve o mérito de trazer para o campo da psiquiatria as idéias de Bachelard e de aplicá-las à terapêutica ocupacional.
Estudando as condições de adaptação do doente às diferentes atividades, Paul Sivadon foi levado a estabelecer nelas uma hierarquia dos materiais utilizados, baseados principalmente na sua maleabilidade ou resistência e na sua mutabilidade, ou seja, nas suas possibilidades maiores ou menores de transformação. Ele observou que os materiais são tão melhor aceitos quanto mais próximos estejam da natureza: plantas, animais; quanto mais dóceis: barro, fibras, madeira tenra: mais fecundos – de pequenas coisas sem valor construírem outras agradáveis à visão e mesmo úteis: mais mágicos – materiais que se transformam facilmente, tais como as tintas que saltam de tubos levemente apertados e que, misturadas a outras produzem cores diferentes: o barro, o gesso, maleáveis quando úmidos, mas que depois endurecem fixando formas.
(continuação do texto de Nise na próxima edição)