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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Belezas do inconsciente e palavras de Nise

Produções plásticas recentes nos ateliês da Casa das Palmeiras 


Modelagem - Desenhos com pastel seco, lápis cera oleoso, caneta hidro cor, guache, bico de pena- nanquim e lápis de cor.

Produções  espontâneas que emergem das profundezas do inconsciente de pessoas especiais, psiquicamente, que se revelam com alto índice de sensibilidade emocional.
  Palavras de Nise da Silveira: 

 “O nosso trabalho não visa criar artistas, é um tratamento através das atividades plásticas. O olhar, as mãos, os gestos podem me dizer alguma coisa. Sempre estive próxima de artistas plásticos (...). Não sou artista, mas como todo mundo, gosto de arte. Tenho vários livros de arte aqui na minha biblioteca. Meu interesse pela expressão plástica é mais no sentido da procura das expressões mais profundas do inconsciente. A linguagem não verbal diz muito mais que a verbal.”


    “Quando estive em Zurique, em 1957, por ocasião do II Congresso Internacional de Psiquiatria, ao cumprimentar Jung, ele me disse: ‘A pintura de seus doentes me causou estranheza, e fiquei nesses dois últimos dias pensando porque. Elas são diferentes de outros expositores’. E ele me disse que pinturas do primeiro plano eram pinturas de doentes com alterações psíquicas, mas que o fundo de algumas pinturas o perturbou porque havia ali uma diferença entre o fundo dessas pinturas e a de outros. Que este fundo não era doente, por ser demasiado harmônico para ser de pessoas que estavam com distúrbios psíquicos. Eu fiquei estatelada ouvindo. Ele me perguntou em que condições eles pintavam para que houvesse essa diferença. Respondi que pintavam em ambiente livre e de maneira espontânea. Perguntou se eu tinha medo do inconsciente, respondi que não, mas respeito. ‘Trabalha com pessoas que não tem medo do inconsciente’, foi o que ele acrescentou.”     


    “Devo ao meu encontro com Jung o interesse pela mitologia. Quando conheci Jung falei das minhas dificuldades em compreender as ideias delirantes dos doentes e me queixei das incompreensões dos outros e a minha própria em relação às imagens desenhadas ou pintadas. Ele, fumando o seu cachimbo, me olhou atento e depois de um tempo, meio longo, me disse: ‘como você não pode entender as imagens que você expôs. Elas falam a linguagem dos mitos. Você estudou mitologia? Respondi que não, o que sabia era muito superficial, não era matéria a ser estudada. Ele me disse; ‘Se você não conhece os mitos não pode entender os delírios dos doentes, a pintura que eles fazem’ Fiquei gelada. ‘Essas figuras vem do fundo do inconsciente. A linguagem do inconsciente é a linguagem mitológica.’ Passei a estudar mitologia a partir das pinturas de Adelina que disse desejar se flor. Adelina viveu o mito de Dafne. Foi meu primeiro caso de estudo de mitologia.” 


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Vejam, escutem Nise nos três links, início de julho...... muito bom. 

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