Rua Sorocaba 800, CEP 22271-100, Botafogo, Rio de Janeiro, Brasil.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Colaboradores e Voluntários - Casa das Palmeiras


 A Casa das Palmeiras
Abre oportunidade para
Colaboradores e Voluntários.
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 Auxiliar na Administração, 
Biblioteca, Teatro, Música, 
Cerâmica, Contos de Fada.
 Expressão corporal – Yoga.

Palestra aberta ao público:
O que é a Casa e seu funcionamento:
Como colaborar 

30 de janeiro de 2016
Sábado das 16h às 18h30
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Apresentação de dados pessoais
- ou Curriculum.
Local: Casa das Palmeiras
Rua Sorocaba, 800 – Botafogo –~
 Rio de Janeiro.
Tel. (21) 2266-6465
 (2ª a 6ª feira - das 13h às 17h)
 Colaboradores e Voluntários
NÃO serão remunerados
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quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Ateliê Livre – Janeiro de 2016

 Feliz oportunidade criadora. Estamos de férias, e como de hábito, temos uns dias reservados para o Ateliê Livre.
Aberto aos clientes, familiares e amigos da Casa das Palmeiras.  Oportunidade para realização de atividades plásticas expressivas com desenhos, modelagem, colagem ou pintura.  Momento alegre de confraternização e lanche organizado por todos. Um pouco de música e troca de ideias.



 Aqui algumas produções. Houve preferências aos desenhos a lápis, pastel seco e colagem. 
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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Casa das Palmeiras e frases de Nise da Silveira

     Estamos de férias na Casa das Palmeiras e no Grupo de Estudos C. G. Jung.
    Novo Ano - 2016, Novas ideias, novas janelas se abrem.
A Casa das Palmeiras resistente segue o sonho de Nise da Silveira, seu caminho criativo e acolhedor. 


Apontamentos atemporais
– frases de Nise da Silveira

       Palavras de Nise da Silveira, esta aristocrata da humanidade pela capacidade de mudar o destino das pessoas, o destino da psiquiatria. Capacidade admirável de se relacionar com pessoas de qualquer nível social, intelectual; profundo respeito pelo outro, sem discriminações; doentes, usuários, clientes, amigos e estranhos. Era objetiva e altamente abstrata; algo de cósmico. Cada locução era uma viagem no espaço e no tempo. Era comum os frequentadores do Grupo de Estudos C. G. Jung anotarem o que a mestra dizia, mesmo o que, aparentemente, parecia sem importância. Dr. Celso Arco Verde, médico sanitarista e grande amigo da família, dizia: “Nise, uma espadachim, é de uma síntese enorme. Cada frase, uma imensidão de pensamentos.”
Aqui frases desta mestra da inteligência:

    “Os loucos veem a Deus.”
    “Deus para mim é a grande força universal. Deus de Spinoza. Energia infinita. A grande força universal está sempre presente.”
    “A psicologia de Jung está mil anos à frente do nosso tempo. Jung já afirmava desde o início do século que matéria e energia é uma só coisa.”
    “O inconsciente é um imenso oceano, por vezes emergem umas imagens”. “A psique humana é um fenômeno fantástico. A capacidade criadora é extraordinária.”
          Nise observava cada pessoa nos olhos; os gestos, as atitudes: “Está gata já lhe adotou, pode ficar.”
    “Meus livros de arte são instrumentos de trabalho. Tenho grandes paixões, Leonardo da Vinci é um deles. Sou particularmente apaixonada é por Rembrandt. Ele mergulhava profundamente como Leonardo. Observe a pintura dele. Se você sonha, você mergulha - o da vigília e o do sonho - dois mundos.”
    “Jamais quis definir o que é loucura. Compre em escafandro e mergulhe junto como esquizofrênico.”
    “Sempre me dirigi aos doentes pelo nome, jamais os chamo de pacientes. Eu os trato como seres humanos, pessoas. A palavra paciente me irrita muito.”     
    “Importante é conhecer a história pessoal do doente e depois compará-la com a história, com os mitos, para poder entender o que se passa nas profundezas. Procurar saber por que aparecem aquelas imagens, o que elas querem dizer. Por que apareceu aquele mito na vivência cotidiana daquele esquizofrênico?”
    “A inteligência e a sensibilidade do esquizofrênico permanece intacta mesmo na aparência de estar cingida, em ruínas. Verifica-se isso com clareza quando encontra alguém com quem ele possa se relacionar afetivamente.”
    “A psique, mesmo do esquizofrênico, tem um potencial autocurativo. Através do afeto forças internas podem se manifestar. O inconsciente se expressa nas atividades criativas individuais.”
    “Os esquizofrênicos são pessoas com antenas sutilíssimas, viajam longe, mas não tem o bilhete da volta. O poeta tem o bilhete de ida e volta.”
    “Psiquiatria é entender o processo psíquico interno. Os psiquiatras, geralmente, nem olham para os seus clientes, muito menos nos olhos. Não há cura possível sem relacionamento.”
    “O nosso trabalho não visa criar artistas, é um tratamento através das atividades plásticas. O olhar, as mãos, os gestos podem me dizer alguma coisa. Sempre estive próxima de artistas plásticos, eles são menos burros que os médicos. Não sou artista, mas como todo mundo, gosto de arte. Tenho vários livros de arte aqui na minha biblioteca. Meu interesse pela expressão plástica é mais no sentido da procura das expressões mais profundas do inconsciente. A linguagem não verbal diz muito mais que a verbal.”
    “Não sei fazer nada sem procurar uma base mais profunda, sem ler, pesquisar. As referências são fundamentais.”
    “Não dissipe as imagens oníricas. O analista corre atrás do cervo, mas não o mata, tem que pegá-lo vivo, estudá-lo vivo. Tem que pegar a imagem viva e não estripá-la.”
    “Nosso objetivo principal é entrar no mundo interno do doente, é conhecer este mundo e que ele entre em contato conosco. Não é desejo de que o doente se expresse de forma artística, o que nós queremos é que ele se expresse em imagem, como linguagem. O simples fato de desenhar ou modelar é terapêutico. Ele fica mais leve, diminuem o medo e as tensões.”
    “Em matéria de educação não basta conhecer o mundo externo, é necessário tomar seriamente em consideração a função imaginativa ao dar forma a conteúdos do inconsciente.”
    “É muito importante a pesquisa das imagens dos doentes esquizofrênicos. O doente pode estar vivendo num mundo de confusão mental e ao se expressar em imagens, pode revelar em símbolos unidade interior. É o que ocorre quando desenham mandalas. Esquizo, em grego quer dizer partido, separado, mas volta e meia me surpreendia com círculos ordenados nos desenhos. Essas imagens falam uma linguagem própria.”
   “O simples fato de pintar despotencializa a angustia dos doentes. Observando as imagens percebe-se, mesmo sem que haja uma tomada de consciência. Eles se sentem mais aliviados. Plasmando com as próprias mãos, a pessoa doente vê que as imagens são menos apavorantes. Vê-se uma considerável melhora na vida pessoal, nas relações externas.”
    “Produzir imagens expressas em emoções já é por si terapêutico, é remédio. Prefiro as atividades expressivas à camisa de força química. Não que seja contra os remédios, longe de mim, mas sou avessa às doses elevadas de psicofármacos.”
    “Para Freud as imagens plásticas são meras projeções do inconsciente, estão lá. Para Jung é bem mais que simples projeções do inconsciente. O fato de desenhar, pintar, esculpir, modelar, já é por si mesmo terapêutico.”
    “Fui guiada pela intuição.”
    “Tenho orgulho de dizer que transformei o serviço subalterno em serviço de alta categoria. O trabalho que se fazia na Terapia Ocupacional era tudo repetitivo quando fui designada para lá. Eles faziam tudo igual todos os dias. Não existe coisa pior. Criamos oficinas de trabalho criativo, nada era repetitivo, e chegamos a criar 17 oficinas expressivas. Tínhamos a pintura e a modelagem como prioridade. Através das imagens podíamos conhecer os processos psíquicos, o que se passa nas camadas mais profundas do ser.”
    “Gosto de mergulhadores, pessoas que estudam a fundo o mundo interno. A maioria das pessoas tem medo do inconsciente, ficam na superfície. Preciso de mergulhadores com escafandro. Quem quer estudar psicologia que compre um escafandro e mergulhe com o esquizofrênico.”
    “Não compreendo briga entre escolas. Diferentes teorias representam abordagens diferentes de problemas comuns.”
    “Porque passei pela prisão, eu compreendo as pessoas e os animais que estão doentes, pobres, que sofrem. Eu me identifico com eles. Sinto-me um deles”.
    “Foi através da pintura dos doentes do Museu de Imagens do Inconsciente que a psicologia de Jung entrou no Brasil.”    
    “O esquizofrênico tem medo do ser humano. Durante sua vida acumulou uma série de frustrações afetivas que levaram a viver em outro mundo. A aproximação com os animais é quando percebe que já não pode mais contar com o ser humano.”
    “Esquizofrenia tem outro nome, os diferentes estados do ser.”
    “Todos nós temos uma parcela de mal. Não somos cem por cento bonzinhos. Projetamos ou inibimos forças instintivas. Sempre pensamos que o mal está é no outro, não está na gente. Isso pode acontecer a nível pessoal ou a nível de nação.”
    “Faço tudo com paixão. Escrevo com paixão, sou uma pessoa apaixonada.”
    “A psiquiatria, para mim, é um estudo do profundo do profundo do ser. Nunca eu concordei com o conceito do doente mental denunciado crônico, embotado. Eu os vejo capazes de finuras, e nem todos nós somos capazes de finuras.”
    “A solidão é problema difícil e muito encoberto. A presença pode inibir ou catalisar. O médico se transforma junto com seu analisado.”
    “O fogo não é nada, inferno é o congelamento. Não confundir congelamento com indiferença, o congelamento, a petrificação é sofrimento. Um bom observador, com bom desconfiômetro observa os olhos vivos do ser petrificado.”
    “O desejo de contato nunca se manifesta em palavras e sim em gestos, contatos. É preciso grande delicadeza no contato, do contrário pode assustar. É preciso uma longa paciência.”

    “Aquele que convive com os símbolos, ele próprio sofre os fenômenos das transformações. Nos iniciados de Eleuses, não havia discriminações no uso de símbolos. Para Jung o símbolo é um corpo sutil; nem racional nem irracional, nem material nem espiritual. O símbolo não precisa ser bem entendido, ele sempre fascina. Através de símbolos há mudanças, outros níveis de consciência. A árvore é um símbolo de proteção, é nutridora, é símbolo materno; visão cósmica do mundo que perpetuamente se renova.”
    “A minha palavra preferida é liberdade, liberdade.”
    “A Casa das Palmeiras é muito deficitária, não tem coleiras, convênios e jamais quisemos. Convênios aparecem com exigências e nós queremos liberdade. Convênio dita regras, certas normas. Muito difícil.”
    “Sempre questionava a noção da psiquiatria clássica de que os esquizofrênicos tivessem a inteligência esfacelada, arruinada. Ao penetrar nesse mundo hermético fui surpreendida ao tomar consciência de como eles se revelavam como seres capazes de criar beleza e como são dotados de subjetividade.”
    “Para começar a estudar é preciso, de início, capinar. Capinar, capinar, capinar... Intensamente. Somente, após longo trabalho de capinação é que você poderá trocar o ancinho por um longo pente, e passá-lo sedosamente nos cabelos de uma mulher.”    
    “Desprezo as pessoas que se julgam superiores aos animais. Os animais têm a sabedoria da natureza. Eu gostaria de ser como o gato: quando não se quer saber de uma pessoa, levanta a cauda e sai. Não tem papo”.
    “Os gatos são os seres mais lindos, inteligentes e independentes do mundo. Essa é a razão por que os homens têm tanta dificuldade de se relacionar com eles e os perseguem indiscriminadamente desde o início dos tempos”.
    “Esta palavra ‘paciente’, ela não deveria existir em nosso vocabulário. Esta palavra diminui a pessoa humana, colocando-a numa posição passiva. São clientes da Casa.”
    “Só os loucos e os artistas podem me compreender”.
    “Nunca sacrifiquei a qualquer modernismo o meu próprio eu. Caminhada dura, mas a única que vale todos os sacrifícios.” (22/6/1999)
    “O silêncio é fundamental. E para criar, é preciso privacidade.”
    “Eu sou do mundo das imagens. A leitura das imagens. Não dissipe a imagem onírica. Tem que pegar a imagem viva e não estripá-la.” (4/4/1994).
    “O estudo das imagens é acompanhar nesta viagem das imagens. Picasso pintou Gernica, o militarismo alemão, acompanhado do sofrimento violento. Ninguém faz nada sozinho.”

(Apontamentos- Senhora das imagens internas – Escritos dispersos de Nise da Silveira – Org. M. P. F., BN, RJ , 2008).
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